Salvo por Objetos

22 de fevereiro de 2019 em Devaneios

Talvez não tenha sido possível perceber até agora se você só me conhece por meio desse blog, mas eu tenho uma quantidade acima da média de hobbies. Felizmente, se você lê isso perto da data de publicação, você provavelmente chegou até aqui já tendo um belo punhado de informação sobre os meus gostos pouco-ortodoxos. Se você, entretanto, chegou até aqui revirando o meu blog depois que eu atingi a fama, eu explico.

Tenho facilidade de entender coisas usando exemplos, então vou supor que você também tenha: No último mês, eu estive particularmente apaixonado por sintetizadores, criei/produzi algumas músicas usando um controlador MIDI, comprei três iPods a preço de sucata (dos quais dois voltaram à vida nas minhas mãos e um enfrentou uma morte sofrida — o que me deixou bastante triste e fez com que eu prometesse a mim mesmo que ia largar de vez esse vício em players de música), comecei a jogar Celeste, saí à rua para tirar fotos, andei de skate e andei consultando a possibilidade de me matricular em um curso de culinária. Tudo isso somente durante minhas horas livres — durante a maior parte do dia, sou um DevOps que gosta um tanto do que faz. Eu obviamente tenho interesse em mais coisas do que eu o meu tempo livre me permite ter, mas esse não é o ponto aqui.

Em síntese, eu gosto de tanta coisa que eu tenho dificuldade de me descrever. Se eu precisar escrever uma tagline com as coisas que gosto, é capaz de que eu tente resumir durante horas e não consiga uma definição — acredite, meu hub pessoal não possui uma linha de descrição por uma razão verdadeira.

Tenho visto um tanto de amigos queridos com dificuldades em reconhecerem em si algo interessante. Que conste como um disclaimer: Eu não sou um psicólogo, eu nunca sequer fui a um (provavelmente deveria)—  ou a um terapeuta ou algo do gênero. O que acontece comigo foi que, de uns tempos pra cá, eu passei a reconhecer em mim algo divertido e único que é formado por esse tanto de singularidades. Talvez seja, em algum grau, ingenuidade minha, mas eu tenho certa facilidade para ver beleza em qualquer coisa. Talvez em objetos, em músicas, em paisagens, em construções ou em carros. Dessa observação com olhos otimistas costuma surgir um  e, em perspectiva, eu me dou conta de que posso me moldar a ser o conjunto de interesses que me agrada — e isso faz com que eu seja uma pessoa muito interessante aos meus próprios olhos.

O que acontece desse ponto em diante é de conhecimento geral: Você já deve ter lido por aí sobre como gostar do que é visto em si mesmo causa influência nas suas relações com o mundo e com as outras pessoas. É sobre gostar de quem se é — mesmo que ninguém mais goste. No fim das contas, as pessoas vão acabar gostando (a não ser que você goste de coisas realmente muito estranhas, como Wilco ou o Fluminense Football Club), mas não é isso que importa. Foi assim que eu consegui ver em mim, enquanto um conjunto de gostos, convicções e opiniões fortes sobre assuntos imbecis, algo que eu realmente goste. Particularmente, eu gosto muito de estar na minha companhia.

Talvez funcione pra você.

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