Coisas que eu não gostei no meu ex futuro celular

19 de abril de 2018 em Tech Life

Este post é uma continuação desse aqui.

Como eu contei em Dezembro, eu cheguei a comprar o Mi A1. Cinco segundos depois que ele finalmente chegou, a ansiedade virou raiva que em outros dois segundos virou um monte de risada porque a minha vida é uma merda mesmo e é melhor só achar graça: O celular veio dourado. Eu tinha pedido o preto. Eu não ia ficar com um celular dourado.

Procedi e pedi a devolução ali mesmo, mas passei alguns dias o usando como aparelho principal, aproveitando que eu já não tinha outro celular pra usar mesmo. Durante aqueles dias eu consegui validar algumas coisas que eu tinha levantado no post anterior e notar umas outras:

  1. Tamanho. Horrível. Sério, muito ruim. Eu saí de um iPhone 5s e fui pra um celular enorme e manusear o aparelho foi uma experiência terrível. Primeiro, é muito difícil usar o celular com uma mão só: Você precisa ficar sambando o treco na mão pra alcançar certos pontos da tela. A sensação predominante é a de fragilidade — fica sempre a impressão de que se alguém te der um empurrão por acidente ou se você se assustar com qualquer coisa o celular vai cair no chão e se estilhaçar. Isso não acontece com modelos menores, já que a pegada envolve também “abraçar” o celular inteiro com os dedos. Provavelmente a pior parte do celular.
    Quando voltei para a tela pequena, bateu uma sensação de alívio: Eu estava consumindo a mesma quantidade de informação (mesmo usando o aparelho maior com os menores tamanhos de fonte, sobram espaçamentos) num dispositivo bem mais compacto e confortável de usar. Vai ser bastante ruim quando não houver mais opção de celular pequeno pra onde ir — e já me adianto aqui ao dizer que esse dia certamente vai chegar. Ou já chegou, quem sabe.
  2. Leitor de digitais traseiro. Acabou não sendo TÃO ruim assim, confesso. Acabei me habituando a pegar o celular pra desbloquear, o que é ruim e definitivamente pior que desbloquear pela frente, mas é algo fácil de se acostumar. É um problema que dá pra contornar. Uma coisa legal é que o leitor de digitais também funciona como interface pra gestos, então dá pra abaixar as notificações desligando o dedo pra baixo no sensor. Isso é bem útil já que o seu dedo nunca vai alcançar o topo da tela mesmo.
  3. USB-C. Bem legal. Achar cabos é realmente um inferno, mas isso tem diminuído — obrigado, Samsung! — o padrão é ótimo, e a zona do formato realmente existe, mas como não tive uma experiência a longo prazo não posso dizer muita coisa

Esses  foram os pontos que eu levantei quando ainda não tinha usado o celular, em dezembro. Os seguintes eu notei depois do contato com ele:

    1. Android. Bastante complicado aqui. O sistema é ótimo. Eu diria que enquanto OS o Android tá bem à frente do iOS. As organizações são inteligentes, o design é elegante, o sistema de notificações é (e sempre foi) maravilhoso e as formas de interação são inúmeras. Infelizmente isso tem o custo de ceder dados constantemente para corporações de índole duvidosa. Enquanto alguém que se importa bastante com a própria privacidade, isso acaba tendo um peso muito grande. Não entrarei neste post no mérito de rodar um fork do Android sem o catramalho de lixo que o Google roda em background. Enfim: Rodar um sistema operacional vendido por alguém que vive de vender anúncios pode não ser uma boa ideia.
    2. Câmera. A câmera do Mi A1 é estranhamente inconstante. Exceto pela frontal: Ela é sempre muito ruim. Mesmo. Ainda bem que eu sou feio e não tenho o hábito de tirar selfies. As traseiras me deixaram em dúvida durante toda a minha experiência: O modo retrato é maravilhoso, as fotos ficam com qualidade ímpar, o desfoque é surpreendentemente natural, as cores são ótimas, enfim, nada pra reclamar. Mas quando você volta pra câmera normal, parece ser ainda pior do que a do iPhone 5s. Tentei usar o Google Camera e não tive resultados muito melhores. Em luz baixa, com algum esforço você consegue observar objetos sendo formados em meio ao ruído das fotos.
    3. Velocidade. Puta celular rápido. Não sei se foi o impacto de sair de um aparelho de 2013, mas ele superou as minhas expectativas de modo que não precisei aguardar o carregamento de nada, em momento algum. A alternância entre aplicativos é muito rápida. Se um celular realmente precisa de 4GB de memória e de um processador de 8 núcleos pra entregar um desempenho razoável é uma pergunta válida mas que fica pra outra hora.

Talvez eu até tivesse alguma percepção adicional, mas como eu tô escrevendo isso aqui quatro meses depois de devolver o celular fica um pouco difícil lembrar de tudo.

Em relação ao aparelho que eu peguei depois de devolver o A1 (eu não mencionei qual é, né? espero que não), a resposta é meio óbvia. Acho. Vou escrever sobre ele em breve. Provavelmente.

Ouvindo Bicho de 7 Cabeças II, do Geraldo Azevedo, com participação da Elba Ramalho. Redescobri essa música com letra esses dias (sempre conheci desde criança a versão instrumental tocada pelo Zé Ramalho) e meu amigo, que música. Aliás, o álbum homônimo é todo bom demais. Sem erro.

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