Breve histórico de minha atrapalhada relação com a fotografia

12 de novembro de 2019 em Hobbies

Eu sempre tive interesse por fotografia em algum nível. Ou, pelo menos, por equipamentos fotográficos de qualquer tipo. Quando minha mãe resolveu aposentar a Yashica YK-35 (cujo modelo eu obviamente só vim a conhecer agora depois de uma extensa pesquisa vendo diversos modelos da marca no Google Imagens) da família e resolveu comprar uma Cyber-Shot para ser a primeira câmera digital da casa, eu me responsabilizei por pesquisar qual modelo seria mais interessante e foi assim que acabamos com um modelo com lentes Carl Zeiss para que as fotos do meu flogão fossem impecáveis.

Na década seguinte, acabei finalmente em posse de uma câmera que me permitisse entender alguns dos conceitos mais básicos da fotografia. Era uma Samsung NX3000, uma moderna Mirrorless já com um respeitável sensor APS-C e lentes removíveis. O design era simples, voltado a amadores, mas estava tudo ali: a famigerada roda PASM e um controle giratório para que eu pudesse errar no ajuste de literalmente todos os parâmetros da foto e jogasse tudo pro alto pra fotografar no modo automático culpando a lente. “Deve ser essa objetiva que não tem estabilização, por isso todas as fotos ficam tremidas”. Em nenhum cenário o culpado era eu ao fotografar em 1/30 em plena luz do dia.

Samsung NX3000

NX3000: Competente, a não ser que você não o seja

Um outro agravante para minha insatisfação com a NX foi o fato da Samsung ter comercializado o modelo no Brasil durante pouquíssimo tempo e, após o encerramento das vendas, ter se tornado impossível adquirir novas lentes sem pagar o equivalente a um rim semi-novo com ar gelando. Nesse ínterim, conheci através de um amigo a linha de câmeras X da Fujifilm e encontrei ali muito do que eu procurava numa experiência de fotografia, mas o custo elevado tornava este somente um sonho distante. Ainda culpando a câmera e as lentes pelo meu péssimo desempenho enquanto fotógrafo amador, me desfiz da mirrorless e me joguei de cabeça nas DSLRs com uma maravilhosa Canon T6 que comprei de uma amiga.

Quando eu falo “maravilhosa”, eu realmente quis dizer isso: Embora a linha Rebel seja a categoria mais barata de câmeras com lentes removíveis da Canon, tudo ali passa a impressão de ser feito com muita dedicação. Os controles ficam nos lugares certos, os materiais usados na construção são ótimos e o software te entrega exatamente o que você precisa. Apesar da T6 ser à época o modelo mais simples, ela é uma câmera muito esperta e não me decepcionou durante o uso que fiz. Desnecessário, claro, mencionar que meu uso é absolutamente amador. Em condições extremas e de baixa luz talvez ela não se comporte tão bem assim — de todo modo, minha experiência foi ótima. Pontos bônus por finalmente poder usar um viewfinder.

Canon EOS Rebel T6

Rebel T6: Moderna & Versátil, como você.

Com a Rebelzinha, me animei mais a finalmente me aplicar e entender melhor os parâmetros envolvidos para enfim conseguir exposições razoáveis sem que a câmera precisasse tomar decisões por mim. O problema é que, à medida que o meu interesse por fotografia ia crescendo, mais eu desejava as maravilhosas câmeras da Fujifilm. Não ajudava o fato de eu estar próximo de más influências fazendo fotos incríveis utilizando a plataforma da Fuji. Veja bem: Para além dos resultados finais maravilhosos nas fotos, tenho essa necessidade esquisita de ter um feedback tátil nas atividades em que executo. Menos funções escondidas em menus, mais botões aparentes. Uma roda seletora (dial) fisicamente posicionada em uma opção específica é mais do que uma forma de controlar um parâmetro (como a velocidade do obturador, por exemplo), é também uma forma de o visualizar. Isto é: Ao olhar para o dial de velocidade na posição 1/180, eu não só posso alterar a velocidade como imediatamente sei que a câmera está definida para tirar fotos em 1/180. Não teria jeito, a realização só viria com uma Fujifilm.

E veio: Depois de alguns meses em diversas negociações absolutamente questionáveis em sites de vendas de usados, a T6 (lembra dela?) foi parar nas mão de alguém que estava dando seus primeiros passos — assim como havia sido comigo — e enfim éramos somente eu e minha Fujifilm X-E2, acompanhada de uma linda & maravilhosa objetiva XF 35mm f/1.4.

Fujifilm X-E2

Fujifilm X-E2. Tá vendo esses dials? OLHA SÓ ESSES DIALS!

A empolgação e a vontade constante de fotografar vieram com a plataforma da Fujifilm através da X-E2 exatamente como eu achei que viriam — e assim está sendo até o momento. As câmeras da Fuji são, de certa forma, um resgate da fotografia em sua forma mais purista sem abrir mão de tecnologia em momento algum. Tal qual em uma câmera analógica manual dos anos 60 (Uma rangefinder, no caso específico da XE2), está tudo ali: Os ajustes de compensação, a roda seletora do tempo do obturador, o botão do obturador com o socket rosqueável e as simulações de filmes. Sendo bem honesto, talvez tenham sido as simulações de filmes que tenham me conquistado num primeiro momento. Mas isso é assunto pra um outro post.

Apesar de enfim plenamente satisfeito com meu equipamento, estou longe de estar satisfeito com o que sai dele. Saber fotografar vai muito além de saber operar uma câmera — na verdade, operar uma câmera é talvez a menor parte do todo. Confesso, porém, que enquanto o admirador de bugigangas que sou, o manusear da câmera em si me deixa bastante satisfeito mesmo sem resultados impressionantes. Enquanto isso, você pode conferir algumas das fotos que faço no PICS, esse outro site esquisito que eu criei porque não gosto do Instagram. E se for sair pra tirar fotos, me convide.

* * *