A fotografia de rua é um exercício de paciência

13 de abril de 2021 em Hobbies

Estive revendo algumas fotos de um passado distante (nem tanto) nesta tarde e percebi uma característica em minhas tentativas de fotografia de rua que me fez perceber algo até então inédito para mim. Em Outubro de 2019, eu saí pra tirar umas fotos nos arredores da Vila Rubim e, passando pelo mercado, havia uma bancada de hortaliças orgânicas que me chamou a atenção. Umas cores legais, umas pessoas em volta, não havia dúvida: Preparei a câmera, cliquei cinco vezes e fui embora. A primeira foto foi às 11h08; a última às 11h09. Nenhuma delas ficou legal.

Foto de uma bancada de hortaliças com um grande letreiro "Produtos Orgânicos". É uma foto sem nada de especial.

Esta é uma delas, caso você tenha alguma dúvida

Enquanto olhava essas fotos sem nada de especial, fiquei pensando que se eu tivesse a paciência de ficar uns 10 minutos ali observando a movimentação eu provavelmente conseguiria algo muito mais interessante, mas eu estou sempre correndo. Eu ando sempre com pressa (mesmo sem nenhum compromisso posterior), vou passando pelos lugares e, embora consiga compor mentalmente a cena, não tenho paciência para ficar parado.

Gosto muito de fotografia de rua, embora eu passe mais tempo lendo sobre ou procurando equipamento pra comprar (A GAS é uma realidade) do que efetivamente andando por aí registrando qualquer coisa (por enquanto, vamos fingir que a culpa é da pandemia), mas talvez o que me atraia nesse processo seja a necessidade de superar várias dificuldades que tenho: A primeira, essa de esperar e ser paciente, aguardando o momento perfeito para uma foto. A segunda, num nível mais adiante, é a de conversar aleatoriedades com desconhecidos na rua e eventualmente fazer um retrato da pessoa. Morar numa cidade cheia de gente desconfiada (e pelo mesmo motivo ser uma pessoa desconfiada) adiciona alguns fatores de complexidade no segundo atributo, mas por enquanto podemos focar no primeiro. Esperar o momento certo de acionar o obturador pode gerar resultados muito melhores, como esta foto deste simpático vendedor de embutidos. Mesmo sem foco já é muito melhor que a anterior. Fotografia de rua é fotografia de gente — se não tiver gente, é fotografia de paisagem, de arquitetura, de qualquer outra coisa.

Foto de um vendedor de linguiças, tirada no exato momento em que ele sorri para algum terceiro.

De vez em quando é recompensador

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