Guia prático de música pela internet

1 de agosto de 2017 em Tech Life

No final da última semana o meu plano familiar do Spotify foi cancelado. Questões semânticas que tentam encontrar a diferença entre “plano familiar” e “plano residencial” não vêm ao caso e já foram abordadas pelo Ghedin neste post na Gazeta do Povo. O fato é que eu já não andava muito satisfeito com o Spotify — Provavelmente porque o Rdio me deixou mal acostumado com um serviço impecável de streaming em termos de organização, biblioteca e apresentação. A finalização do plano familiar aliada à indisposição de pagar um plano individual foram o pontapé que eu precisava pra buscar boas alternativas. Se é que elas existem.

Assim sendo, tentei levantar os meus requisitos básicos para um novo serviço de música e com base nisso vou procurar algumas opções que possam tentar me atender. São eles:

  1. Boa organização de biblioteca. Coisa que o Spotify, por sinal, nunca me entregou — o “Your Music” é confuso, falho, bagunçado, a navegação é complicada. Eu cuido da minha biblioteca do iTunes como se fosse um filho (e pretendo continuar mantendo porque, de todo modo, eu tenho iPods pra sincronizar), mantinha a minha coleção no Rdio meticulosamente organizada e gostaria muito de voltar a cuidar da biblioteca por streaming.
  2. Acervo Razoável. Requisito óbvio, mas importante de ser listado: Nem tudo que eu ouço está disponível em qualquer serviço. Quando entrei no Spotify, passei uns bons anos reclamando da ausência do The Life Aquatic, do Seu Jorge. Não me importo de que o serviço não tenha as bootlegs do Wilco obtidas em origens duvidosas que mantenho em arquivo no computador, mas seria particularmente interessante poder ouvir Beatles, Roberto Carlos e Sá & Guarabyra no mesmo serviço. O conteúdo nacional pode ser um escorregão em vários serviços, já que o Spotify é bastante forte por aqui.
  3. Interface. Sério, o design é importante. O visual é importante. A disposição dos itens é importante. A tipografia é importante. Vai além do que é agradável aos olhos e chega ao que é fácil de ser visualmente compreendido. Os jovens chamam de UX. Enfim.
  4. Álbuns, álbuns, álbuns! O Spotify é imensamente focado em playlists. Pode ser legal pra algumas pessoas. Pra mim é péssimo: A minha forma principal de ouvir música ainda é colocando um álbum pra tocar do começo até o final. Tenho algumas playlists temáticas, outras setlists de show, mas, em geral, eu ouço discos completos. Tenho que é a forma correta de apreciar a obra: Do jeito que o autor a concebeu, na ordem que ele achou interessante, no formato em que ela foi pensada.
  5. Onipresença. Eu ouço música nos mais variados dispositivos. Geralmente, no Mac e no iPhone, então aplicativos pra essas plataformas são fundamentais. E precisam ser apps desktop — se a única alternativa for um webplayer, está fora de consideração. Aplicativo para o PS4 é um diferencial importantíssimo já que eu tenho o costume de jogar Overwatch ouvindo a coletânea de grandes sucesso do Raça Negra no Spotify. Infelizmente eu duvido que algum outro serviço tenha a abrangência do referido neste quesito, mas não custa sonhar. Pontos extras se houver funcionalidade de controle remoto.
  6. Não ser o Spotify. Também é muito importante esse ponto. Eu sou vingativo e rancoroso e vocês cancelaram o meu plano família. Hotários.

Diante disso, tenho algumas poucas alternativas que vou testar nas próximas semanas e descobrir se alguma coisa se salva. Levantei também algumas vantagens e desvantagens que saltam mais os olhos antes de usar as plataformas de facto. São elas:

  1. TIDAL. Vantagens envolvem a qualidade de áudio superior em qualidade HiFi/Master. Desvantagens incluem dar dinheiro pro Jay-Z.
  2. Apple Music. Tem o plus de ser integrado com o iTunes. Tem a desvantagem de ser integrado com o iTunes.
  3. Google Play Music. Parece ser presente em várias plataformas e a interface parece limpa o suficiente. Infelizmente envolve vender sua alma pro Google.
  4. Deezer. Tem o terrível ponto negativo de ser o Deezer.
  5. Voltar pro Spotify com o rabo entre as pernas. Tem sempre essa alternativa, né? Por mais que eu viva em guerra com o Spotify, a verdade é que hoje ele me atende em praticamente tudo que eu preciso. Se nenhum concorrente me atender minimamente (e eu não sei se terei paciência pra testar todos), não me resta alternativa a voltar para esse grande aplicativo pago de playlists que, todos sabemos, é uma zona.

Vou começar testando o TIDAL por alguns dias. Me deseje sorte.

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